
Os poetas não morrem
Data 25/06/2021 04:16:16 | Tópico: Poemas
| Os poetas não morrem jamais pois que a poesia os eterniza Em sua luz fundam uma linha de esperança, mesmo áspera Como ásperos são os caminhos do rio entre tantas pedras Pedras entre as quais a água desliza livremente como seda E preenche todas frestas como a palavra preenche a noite Numa voz lúcida que não se sabe vem da alma ou do corpo Mas é a brisa fresca que socorre o coração meio ao verão Quando a vida nos queda solos o poema é o beijo da amada Vem na madrugada chuvosa sob o céu sem vento e estrelas Que a rua brilha a refletir as lâmpadas lá fora das vidraças O poema é alento, o copo meio cheio, o perfume de flores Além dessa densa fumaça metálica dos carros transeuntes Que desfaz a melancolia e o esquecimento do mar interior O som desse barco a navegar o mundo no azul das manhãs Vencendo a tantas intempéries tristes qual o gris do sono O poema é o grito dos mutilados, a nossa dor mais anônima Que reinventa nosso alimento acima e adiante da angústia O fluir do tempo invade o existir nas suas pétalas de horas Entre sentimentos esfarelados e os fantasmas subjugados Os poetas não morrem quando durar o clamor de escrever Que, louco, vive nos subúrbios de nós, sob o calor da vida
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