Caleidoscópio [parte 1]

Data 02/07/2021 18:35:02 | Tópico: Prosas Poéticas

Pouco importa se você não vem,
Minhas palavras colidem na sua surdez
Posso te fazer ficar com raiva
Mas não sei como te fazer pensar
Não temos nada em comum
Se eu cavalgo às tardes pela campina
Mas seu negócio é vender animais
Seus sapatos têm as solas gastas
Porém você não conhece lugar algum
Sinto que o amor está tão distante
Tal a onda que se desfez à beira-mar
Meu tempo é hoje, não dias do passado
Abra as cortinas blackout, a vida está lá fora
Cante sua música predileta, esqueça as regras
A criança nasceu e já deve lutar
Vamos fazer dele um homem de bem
Vamos fazê-lo bem rentável, bem sucedido
Ensine-lhe o jogo, mas não cantar na chuva
O poeta e o pintor jogam tintas no papel
São só sombras de um sonho, não é real
O sol brinca em arcos sobre as cabeças
Tanto do fazedor como do pensador
Sempre sem pedir licença
A água ferve na chaleira que assobia
Mas o dono da casa está longe
Nas manhãs do frio cortante que chegou
O poeta levanta a pena, o soldado a espada
O gado pasta na grama perto do rio
E contempla a ordenhadora em sua necessidade
O jovem mestre inocente olha o silêncio
Vindo do outro lado do mar
Ele ousa a maré tardia
O redemoinho tira você do alcance
O poeta deita a pena e o soldado embainha sua espada



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