
DELÍRIUS TRÊMULUS
Data 12/07/2021 17:20:30 | Tópico: Poemas
| . . . O vento gelado varria os grãos finos de areia. Voavam em véus e se amontoavam, soterrando o parco verde inativo, ofuscando a visão.
O poeta estava lá, imóvel aos pés das brancas dunas, observando o vôo dos albatrozes. Na boca; um gosto de maresia, vindo da crespa maré da laguna.
Apenas um olhar desconfortável, de um bêbado ao relento, sem conseguir descongelar a tristeza residente no coração.
Uma bela alma; mas desgraçada, sem recuperação, tremulando fria ao sabor, qual bandeira ao vento.
Alma... De nota perdida, final... Fazia tempo que ela não mais habitava aquele corpo, ser de sol e sal. Frio desafiante do fio da navalha cortante, inquietante sentir, calafrio, lume morto, incessante mal.
O álcool ingerido cortou o frio da boca, fingiu agasalhar o corpo... Ou o que restou dele; um receptáculo inútil, vazio de bem, e de mal. O vento gelado; e o vôo dos albatrozes foi só um pretexto.
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