CORRILHO
Data 05/08/2021 00:31:50 | Tópico: Poemas
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Bebendo do orvalho fresco da madrugada... Do cogumelo à gotejar... Na clareira de elfos... Minha alma ali está...
O deus corvo a tudo observa... Sob a prata no céu que fragela... Confrontando nu o abismo... Em frenesi danço enquanto clamo... Ao deus corno invoco, chamo...
A clareira então ilumina-se... Estrelas descem do céu... A fogueira mais brilha... Descortinando o estranho véu...
Sim... Sou indomável pois não caibo no mundo... Faço os anjos caírem de amor... Faco os demônios desejarem com ardor... Os mortais temem o corrilho... Ignorantes vêem terror...
Movendo-se abertamente... Às vezes outras silenciosamente... O caminho é secreto... A direção, desconhecida... Tal qual peçonha... Em uma vegetação rasteira... Trago a verdade esquecida...
Numa aventura fantástica, quase onírica... Pernas se entrelaçam... Braços transformam-se em serpentes... Das profundezas às alturas subo... Rodopiando na abóbada vertente...
A taça transborda de vinho e passo adiante... Abrindo os sentidos... Na áurea névoa presente...
A grande arte enfim ensina... Nas sombras vestir-se de luz... A fera não é domesticada... Não é para qualquer pessoa... Essa jornada...
E como tal conhecimento que a tantos seduz... Vem de berço, para os eleitos... Eras de tradição se afunilam entre as unhas... Folhas tratadas aos pés do salgueiro...
O fogo não é temido... Arde no peito incensante... E lá se vai o tempo... A eternidade é só um instante...
Justificando que todo destino é traçado... Não explico o porquê de cada sina... Uns levam a vida como um fardo... Tateiam as incertezas como um cego... Assim ninguém compreende nada... Que a vida é um doce mistério...
Enfim eu lhe desejo não parar tão cedo... Pois toda idade tem seu prazer e seu medo... Não tenho aquelas velhas histórias para contar... Mas tenho a cumplicidade para recordar em tão pouco tempo...
Sandro Paschoal Nogueira
Conservatória - Caminhos de um poeta
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