ÉTICA DOS CANALHAS

Data 11/08/2021 03:21:14 | Tópico: Poemas

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Se se deixares dominar por essa insana e atormentada verve, apenas para o brilho do pedestal do seu tutor; cairás no ridículo.

Se tu se perder numa visão una, no afã do esplendor da ribalta que teima ficar na penumbra.
Desista...
Não haverá u’a mão no interruptor.

Afogar-se-á no próprio limo,
Desnortear-se-á no próprio limbo.
Mas sobreviverás...
junto à claque dolente.

Mas não me condene.
Não sou quem não quer o olhar, nas atitudes mais humanas.
Reconheça-se, e renasça.

Se da infâmia dá-se a útil convivência,
e se as escoras lhes aprazem, e se atrais as muletas, e se atrelam a ti, e não rejeitas;
Reveja-se...
Pois se não o escoram, escoram-se em ti.

Aplaudem-no enquanto arauto servil.
Sugarão à tua sombra, enquanto
houver insensatez,
enquanto persistires na inércia, enquanto
esqueceres das virtudes, enquanto
afastares da razão.

Oh! Corjas que se ufanam de inconsequentes ritos.
Oh! Amontoado de sanguessugas, de sede irrestrita.
Oh! Escória de maus que não atendem aos gritos.
Oh! Cruéis de injustos atos sob o escudo da escrita.

Maldita ética dos canalhas sobreviventes.

Oh! Malditos,
ainda individualizam-se,
vestem-se da própria pele
para reconhecerem-se.
Bastam-se, de si; bastam-se, para alumiarem a tosca mente, envelhecida, carcomida, enroscada em sorrisos frouxos,
refrescando o fígado como os fantasmas
ressuscitados da velha escrita.

Oh! Seres.
Oh! Pobres Seres
mergulhados no barro ressequido das velhas palavras.
Delas não se desvencilham,
arrastam-nas em versos pré e pós aversivos as inovações.

Lhes são demais as alvoradas.

Sabemos o que escrevem...
É cicuta.
Envenena, e envenenam-se,
não é mais paixão a poesia, nem mais a ânsia do poema habita.

É maldade gratuita, e que grotescamente perfilam sob a égide da escrita, abraçam a palavra, usam-na, e; em gotas insistentes,
destilam abioto em doses diárias e permanentes.

Oh! Pobres poetas e suas sutis brutalidades.
‘As palavras não morrem sorrindo’
Dementes!




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