Versão Endovélica de mim próprio
Data 20/08/2021 15:27:12 | Tópico: Poemas
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Meu instinto é um pragmático, pacato devoto do dedo mindinho, Minha ilusão foi doada por videntes sérvios, sendo dum país De cegos, creem ambos nas impressões que não sinto, bora sinta, Inda que estranhas, indiscretas estas que ocorrem, acordam acocoradas
Sob minha pele fina, nas veias, como fosse vulgar tê-las, desgrenhadas, Intimas e tão próximas de mim e eu delas, nos cabelos, nos sovacos, Na pele, nos cotovelos inda que dobrados em dois, do avesso e em socalcos, Sob mim próprio, sob a nuca, em cabelo, versão Endovélica
Das minhas singularidades, sendo nem humanas, são fendida diagonal Em proporções desiguais, comum numa cana verde ainda, É uma amálgama das coisas mais estranhas sentidas em par, Defendidas por um macabro ser, sem olhos, sulas orelhas
E uma sinistra ameia ou janela, pendente das rudes pontas De seis dedos, a enésima parte do real. Magro tronco, branco sujo Cor da anemia, rosto de esqualo, enguia preta, eirós sem volta Ao mar profundo, um poço iniciático, metafísico, inumano.
Sonho todavia ser salvo da morte por alguma espécie de enviado, Imagino-me sentado, costas viradas para um místico postigo por Onde surgirá a anunciação, a citação de que tenho "estado à espera" Quando não mais ocupar espaço físico em Terra-surda, suja e crua.
Falta-me em acção o peso que pesa minha sede, destaco a renúncia Sobre a vontade de viver, o exilio e a separação de mim próprio, Por vezes cruel por vezes táctil, sendo a actualidade uma miragem Em que nem o sonho ou a crença contribuem para mover a indiferença
Das mãos, levito entre dois mundos, evito as arestas por covardia, Duvido da devoção desmedida, desminto-me e demito-me da função Da consciência, embora não consciente daquilo que digo, afirmo A minha falta de serenidade a cada vez que respiro pelas veias
Do pescoço e mais abaixo, com esforço. Faz-me falta o repouso Embora seja uma contrariedade alheia ao meu corpo, prático e Devotado a profissões de risco puro, excessos são sensações, diferença É substância, fundamental é sentir no mundo mais que ninguém, a avença.
Joel Matos ( 15 Junho 2021)
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