A desconstrução ...
Data 20/08/2021 15:27:27 | Tópico: Poemas
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A desconstrução
Deitemos por terra O que nos fere, a mão E o que nos ferra nos pulsos E derrota, a miséria devota,
O singelo e o ignoto, O endémico desalento, O tempo é uma goiva, tábua rasa, Desbasta e cinzela,
A Ingratidão alimenta Esta sensibilidade hemorrágica, fera E insana, assim a embriaguez A insincera fama
É uma fábula e uma redoma Em vidro, a savana Do tigre, o perigo do ter e haver Perdido o horizonte, fauna
O que persigo, me persegue sem eu ver No mato e “o por matar”, O predador e a presa, A respeito da vitória,
Prefiro a derrota, tem mais beleza Assim como no outono, as flores Segundo os loucos, não me faz horror A viúva realidade, suprema
A avidez extrema, a honra Da arena e o ardor do sacrifício, A dor, o crucifixo Inútil, o cinismo cinzento
Da corda, a trama da veste, O ardor do momento, o suicídio Da borboleta monarca no inverno Quando chove, forte e sério, feio
O arrabalde, mordaz misticismo, Nos sonhos dos outros, Abstémios, paranoicos, Secundários actores,
Partilhando impressões idênticas entre eles, Tal e qual no parto, a ausência da dor, Eu sou a frente de combate, Do tombadilho do contramestre-
-À proa, o guerreiro da antiga Goa, A má-fama, o infortúnio do escravo, A essência vassala da Sulamita do Rei Zenão, O Vândalo das opiniões,
O cego de Bratislava, Antuérpia e a desconstrução, O deitar por terra, a existência eterna, o vogal e vulgar não…
Jorge Santos (04 Fevereiro 2021)
https://namastibet.wordpress.com http://namastibetpoems.blogspot.com
'a existência precede a essência'
A desconstrução é um conceito elaborado por Jacques Derrida, como uma crítica de pressupostos dos conceitos filosóficos, onde ocorrem muitas dúvidas devido ao grau de dificuldade oferecido pela matéria. A desconstrução não significa destruição completa, mas sim desmontagem, decomposição dos elementos da escrita. A desconstrução serve nomeadamente para descobrir partes do texto que estão dissimuladas e que interditam certas condutas. Falar de desconstrução dentro da teoria do conhecimento é falar de Jacques Derrida. Nascido na Argélia em 1930 e falecido em Paris em 2004, está associado ao pós-estruturalismo, ainda que alguns discordem disso. Por ser judeu e sofrer com o antissemitismo, Derrida postula que as formações culturais e intelectuais humanas deveriam sofrer uma reinterpretação como elemento fundante de um novo conhecimento: “Não existem fatos, apenas interpretações”. Para Derrida, a desconstrução não quer dizer a destruição, mas sim desmontagem, decomposição dos elementos da escrita conforme indica o texto abaixo: O 'método' da 'desconstrução' suscitou amigos e admiradores nos departamentos das Letras, mas revolta e polêmica no mundo da filosofia canônica, visto como uma ameaça à Metafísica clássica. A aplicação da Desconstrução a um texto filosófico ameaça a leitura verdadeira da verdade da filosofia, tornando-a uma das leituras possíveis, mas não a leitura correta. A famosa frase 'A linguagem se cria e cria mundos' aponta perigosamente para a contingência dogmática do 'Ser' e do 'Significado'. Isso quer dizer que os textos corrompem seus significados tradicionais, criam novos contextos e permitem novas leituras, em um processo contínuo e vertiginoso. O próprio Derrida, acusado de ser obscuro, escreve em 1983: “A desconstrução não é um método e não pode ser transformada num método [...] é verdade que em certos círculos a ‘metáfora’ [...] foi capaz de seduzir ou desencaminhar [...]” (apud Fearn, 2004, p. 174).
Para Derrida, as palavras não têm a capacidade de expressar tudo o que se quer por elas exprimir, de modo que palavras e conceitos não comunicam o que prometem, e é nesse ponto que Derrida entra na TC. Para ele, as lacunas na escrita e na fala são inevitáveis; é a capacidade de serem modificados no pensamento, na expressão e na escrita que torna os conceitos incompletos. Assim, aquilo que dizemos e ouvimos só será de fato verdade quando o virmos como algo incompleto e aceitarmos desconstruí-lo; e se não o fizermos, a evolução sócio-tecnológico-produtiva o fará por nós, como já o fez com os dogmáticos conceitos de família, território, afeto, direito, etc.
Em A Gramatologia, Derrida apresenta outra tese inovadora e provocante afirmando que a linguagem escrita precede a linguagem oral no ser humano, alicerçada no princípio anti-idealista de que 'a existência precede a essência'. Para o filósofo, o que está 'fora dos livros' é 'marginal', está à 'margem da tradição' e situa-se no 'limite do discurso'.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desconstru%C3%A7%C3%A3o
"Que significa, aqui, que a existência precede a essência? Significa que o homem existe primeiro, se encontra, surge no mundo, e se define em seguida. Se o homem, na concepção do existencialismo, não é definível, é porque ele não é, inicialmente, nada. Ele apenas será alguma coisa posteriormente, e será aquilo que ele se tornar. Assim, não há natureza humana, pois não há um Deus para concebê-la." (Sartre, em ‘O existencialismo")
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