Gostar de estar vivo, dói! ...
Data 22/08/2021 22:28:21 | Tópico: Poemas
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Gostar de estar vivo, dói! Para quem possua crença, Assim como treze mais dois,
Ser dezasseis, talvez seja, Penso eu, uma regra a dor, A real, não a supérflua,
O estar vivo, versus um Existir fictício, nominal, Abstrato, o pânico do tísico
Viver sem sofrimento, morte É distinto de medo, atrás Da emoção, qualquer certeza
É delas, a fé é imortal mas Acaba, quando não se sacia O predador, a perda é plural,
O ideal é viver, de resto a pressa É apenas ter vivido um xamã, Revelando enfim um monge,
Embora sem credo, religião, A questão é alcançar a uva chã, Do escanção o mérito da prova,
A vindima tem época certa, E o parto sem dor não jaz, Perpetua a sensação terna,
Quanto as dores do parto, Assim a vida, quando não dói, Não vale a pena, contudo
Tem uma hora a meio, um véu, Em que o destino é harmónico, Bastardo em si e a um passo
De assustar o medo, a sevícia, Evocando, de estar vivo a espera, O cansaço e o abster da liça, a honra,
O distanciamento do muro, o asfalto, O salvamento dum outro modo, Não posso afiançar genuíno,
O louro ou o deslumbre do velho, Podre o povo, a justiça, o gostar De estar vivo dói e muitíssimo.
Jorge Santos (29 Janeiro 2021)
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