
Os signos
Data 19/08/2021 23:32:53 | Tópico: Poemas
| Os signos de uma noite em negra sombra Adensada num voo que vem do interior Ocultavam mais que meu ser fugitivo No fundo da caverna obscura do silêncio
Minha voz solitária, afundada no abismo Busca tua voz que me vive no pensamento Assim me calo no turbilhão de meu drama Escutando terríveis sons dentro da noite
As palavras ferinas que vinham roubar o prazer de nossas bocas unidas em tão real felicidade Ainda reverberam no ar em ásperas rajadas, Tentando impor a maldita semente da ausência
Nas feridas do meu coração na madrugada É esta dor lancinante que me trespassa a alma Mas mesmo no rigor do lamento dessa nostalgia Não permitirei nossas vidas afogadas pela mágoa
Mesmo que se acendam os gritos frenéticos Nas bocas perturbadas pelo rito da angústia, Não correrão tuas lágrimas, meio a este surto Febril e mal delineado que o vento fustiga
No negro seio da noite que me envolve, Ouço os gritos de suas sombras solitárias Surgidas na profunda quietude das horas Que repercutem em coro aos meus ouvidos
No tempo que a cidade se divide no sono Meu rosto esta molhado pela dor da saudade Como se uma invisível chuva se estilhaçasse contra ele, escorrendo em grossos cordões
Meu olhar se perde no horizonte a te buscar Ausente na distância que a angústia multiplica Achando que poderias estar diante de mim Oculta nas irremovíveis dimensões da noite
Mas no centro do meu ser existe tua presença a me aquecer como o fogo criador de toda a luz a me guiar como um signo a derrubar disfarces e a me dar alento como a água fresca das colinas
Dentro de mim tua presença é real e cresce No indescritível silêncio do olho da tormenta Abre clareiras em meio ao negrume hostil Para voar ao esplendor imortal do amanhecer.
Não há mais como ocultar da vida o sonho Não há mais como negar que o nome amor É o nome que devo dar a este sentimento Que já é a essência de nosso próprio existir
Agosto/2014
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