Prefiro rosas púrpuras
Data 25/08/2021 23:15:36 | Tópico: Poemas
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Prefiro rosas púrpuras
Prefiro rosas, papoilas, a morrer por algo Que não posso definir realmente, Nem sei explicar o sentido, o modo E a doçura, o relevo das folhas, o ópio
É a saudade que tenho das roseiras bravas, Pintadas como se fossem curvas figuradas Dedicados a alguma encarnada Deusa egípcia, Fazendo de conta que existiu por mim,
E que eu próprio criei, embora seja também Minha por direito de irmão, a única verdade São os meus cinco sentidos saudosos, Daí a lembrança dos espinhos verde-sangue,
Os que não cultivo e os cultivados, Menos reais que os pinheiros azuis mansos, E as cores do campo, únicas e com Suave gosto a flores sem serem
Realmente isso, é tarde para morrer De novo de amor humano, tal a minha Devoção às flores do campo, relvados, tingidas De vermelhos e brancos, rosas papoilas,
Mirtilos, framboesas, dióspiros, fresas, Prefiro rosas a morrer por algo fora de mim, Como se fossem malmequeres dos meus instintos, Guardo-os, guardava-os onde se vissem melhor
Por dentro, assim me vissem ind’agora Sofrendo do que não sei explicar, Pode nem ter solução, remédio a esperança De entender a vida com a definição das rosas
Púrpuras, se desfazendo uma a uma, sorrindo Pétala após pétala, ironia do absurdo Parecer realidade o facto falso e a versão Fictícia, imitando o natural, o ruido e no fundo
A transcrição exagerada das rosas, Representa o meu estado real de alma agora, Despido do que me contraria e do que esqueço, Do que havia, prefiro rosas púrpuras a cactus.
Jorge Santos (31 Dezembro 2020)
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