Vencido ...
Data 01/09/2021 15:02:36 | Tópico: Poemas
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Vencido
Quero saber se realmente s’tou vivo Ou deixei de existir sen’sequer notar Ter vivido, insignificante levito Morto, imito como o abster da luz dos astros
Menores que rodeiam Saturno e Uranus De cores desmaiadas, limadas luas de gelo, frias Mesmo à luz parada do meio dum dia d’outono E para sempre, sempre por mais um ano,
Vivo o desejo de infinito que suponho comum De viventes reais e no qual nem acredito nem Se hei de estar realmente vivo pra sempre Na semana-que-vem, nem que seja pra
Morrer apenas por vontade própria em acta Mas “de vez” e como deve ser na morte Um certo curto, lúcido e estranho convicto, preso Em mim próprio pro resto desta vida
Vivida em oito passadas de trinta cinco passos, Porque não sessenta, sendo doze os meses E as frágeis fantasias presas a mim, como Marcadas impressões a dois tendo nós ambos
O mesmo comprimento em altura como Na largura a silhueta dos ombros que Nos projecta deuses, neste sótão bera e chão, Tão contraditório eu sou, não diria diferente
Porque não o sou de toda a gente, embora Vida pareça vida sendo minha de início Compartilho o desatino de outro, um morto Sonhando-se vivo, insolvente de sensações,
Vencido.
Joel Matos ( 25 Novembro 2020)
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