Objectos próximos,
Data 10/09/2021 10:51:46 | Tópico: Poemas
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Durmo com um punhal na nuca E outro onde sinto menos, objectos Próximos sempre me meteram medo, Imagino o sol progredindo plos cabelos E por entre os cinco dedos duma mão,
O som do cotovelo quando movo o braço, Lembra-me sem querer, o mar e o rochedo, Fico gelado nos dedos e maldigo o inverno Frio, hoje como nunca apenas no coração Consinto esse frio visível e sem disfarce,
Durmo com um punhal na nuca, queima Quando me toca na face, lembra a morte Não de todo negra, mas cinzenta pouco Clara, como a sorte ou o sentir do beijo Na aragem, é como a paixão, não se demora,
Mal me acontece estar triste, penso nela, Tenho logo outra razão pra contrariar Isso, estou triste porque existo pra fora, Melhor não há, viver não é ruim, assim Amo as coisas simples, o vinho tinto,
Dois seios, o pão, o cantar do galo, O sorriso dela, o alecrim, o agasalho, um gato No inverno, o sorriso meu, uma vela, Um saguão e a escada e o fim do livro lido em Vão, quanto o final de um sonho mau ou
Nada mais que meu, que a sensação de tê-lo Sonhado, a meio sono como é hábito e em Forma de pensamento e tacto, algo como se fosse Outro sentido, quinto ou primeiro, em alta voz, Falando comigo em Braille, como sempre faço.
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Joel Matos (Março 2020)
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