Como morre um Rei de palha
Data 10/09/2021 10:53:54 | Tópico: Poemas
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De futilidades e empatias tenho a aorta cheia, Mas quando o céu morre e o frio se torna cinza, Cai em mim um véu, que é mais magro que o cio E do que o altar vazio - o mote de acabar o dia -
Se pudesse retiraria o coração amanhã e pela frente, Para de repente, voltar a ser gente que nem fui, Foi-me retirado pelas costas, por ironia e pela Folha de um punhal estranho, de ferrolho velho,
Virei depois saldar as minhas dívidas de jogo, Desde as bem maiores às mais mínimas, Que a fé na sorte faz esquecer, Orixá me perdoe, Pois nem outro vício tenho, jogo de manhã,
Até à calada da noite, amanhã cedo não haverá magia, Nem nos reconhecermos, tampouco nos perceberemos, Somos simples corações humanos, postumamente Criados por um Senhor morto sem pressa,
Com a clarividência de um Sultão da Pérsia nado-morto, Deposto pela simpatia de um fraco e gordo, inútil Até ao sobrolho e sobre ele todo, disse-me que morrerei Só, que é como morre um rei de palha, em pó…
Jorge Santos 12/2019
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