Tesoureiros da Luz
Data 21/09/2021 08:59:50 | Tópico: Poemas
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Tesoureiros da luz,
Tenho alma de cão pastor cego, Sinto nas galáxias o que não vejo Cá baixo, caminho na certeza de Voltar nunca o mesmo que fui,
Faz tempo, o futuro foi lá trás, Sigo meus pés descalços, a alma As estrelas e o espaço, tanto faz, Formiga d'asa, onde possa voar,
Embarcar para as estrelas que sigo, Pastor perseguindo velas, cego, Queimando os dedos noutros Universos loucos, menos paralelos,
Assim como um tesoureiro da luz, Caminhando no breu pelos pontos Que brilham, sinto pelo som os astros, Pouso nos cotovelos os ombros,
Nas estepes o desafio, a orgia da luz Aí percebo quanto sou frágil, caniço Da luz que sai pela voz e apenas, Se é chama, é orgânica na lucidez,
Ela nos diz se a podemos desfiar Ou não fiar, dependendo do ouro, Da densidade frágil do fio, da voz o ar E do modo como sai da boca, o cosmos
Da confiança e no tear próximo, O pouso e os cabelos de Berenice... Da janela os reconheço, cada transeunte Pelo brilho que apresenta e usa,
Como que se germinassem espelhos Na calçada, reflectidos na minha Face a pontos ouro de luz, fina Ursa Menor Ou grossa, difusa ou orgia em chama,
Tenha ou não eu alma de pastor cego Certo é ter de rinoceronte ego, escaravelho Sinto nas galáxias o que não vejo, pego O facho e caminho para um Sol poente vizinho,
O meu travesseiro de luz.
Jorge Santos 04/2019
http://namastibetpoems.blogspot.com
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