Como paisagem ao morrer o dia, o voar do ganso…
Data 02/10/2021 12:22:51 | Tópico: Poemas
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Como paisagem ao morrer o dia, Tudo se esconde em sombra e erva esguia, Assim parece o tacto e o chão ermo E falto, que me larga a mão e parte
Na passagem do fim, para o norte fundo, A chuva não vem longe, vem de través, Me segredam os dedos, ralos os cabelos Que penteio, por dentre dez mil deles, redondos
Como a paisagem, o horizonte e a morte A chuva não vem longe, acredita profundo, Acredito nos homens que não morrem de vez, Acredito que o “Homem” não morre hoje,
A Terra está doente, não me embala E eu sofro pelo mar em volta e em luto, Pla Terra, pla flora e a chuva não vem, Nem chora, assim padecem meus olhos doendo,
Doente, eu e tudo, tudo se esconde Em sombra e erva podre, Como paisagem ao morrer o dia, o mundo Enfermo, tal como entre duas espadas
E o punho, a parede de ferro e brasa, O feno, o funcho, o abrunho, o ouriço… O voar do ganso mudo.
Jorge Santos 08/2018
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