600 mil mortes...
Data 08/10/2021 22:29:48 | Tópico: Poemas
| ESTATÍSTICA:
Um morto.
Cinco mortos.
Vinte mortos.
Cinquenta mortos.
Cem mortos...
Seiscentos mil mortos...
João da Esquina...O quê?
Maria da Farmácia... Nossa!
Zé da Padaria... Coitado...
Primo Manuel... Meu Deus...
Tia Zazá... Tia Zazá???
Ai minha Nossa Senhora...
Você!
Eu... (Proteus).
ODE AOS SEISCENTOS MIL
Choramos a partida de 600 mil
Como choramos a partida do que foi o primeiro.
Por mais que sejam os números a revelar
Todos Vocês não são números.
Cada um que se foi para outra vida
Foi uma vida única que deixou de estar aqui.
Foi a culminância de milhões de seres
para ocupar um espaço aqui.
Não falemos dos insensíveis.
Falemos dos que sofrem.
Sei que é impossível sentir o que sentem.
Sei que, por mais que expressemos nossa solidariedade
Ela é insignificante.
Carece da verdadeira dor que sentem.
600 mil...
Quantos mais virão?
Quanta dor ainda suportaremos?
E há os que não sabem...
Os doentes de alma anônimos ou não...
Deus conforte a vocês que sofrem.
Aos insensíveis só nos resta sentir pena.
Não merecem nem mesmo o nosso desprezo.
(Proteus).
QUANTOS?
Quantos Antônios?
Quantos Josés, Rogérios, Pedros, Arnaldos, Alfredos, Brunos?
Quantas Patrícias, Martas, Wilmas, Zilás, Simones, Raquels?
Quantos Marcelos, Jorges, Andersons, Alexs, Manueis?
Quantas Ritas, Rebecas, Wanias, Franciscas, Selmas?
Quantos idosos?
Quantas crianças?
Quantas mulheres negras, brancas, índias?
Quantos jovens de todas as partes?
Quantos mais?
601 mil?
650 mil?
700?
Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos?
(Proteus).
SEISCENTOS MIL
600 mil vozes se calaram...
Nenhuma palavra de conforto.
Nenhum grito de gol.
Nenhum feliz aniversário.
Nenhum bom dia ou boa noite.
600 mil vozes se calaram.
600 mil rostos deixaram de sorrir.
Um milhão e duzentos mil olhos deixaram de brilhar.
Um milhão e duzentos mil braços nunca mais vão abraçar.
Há uma cadeira vazia em 600 mil lares na hora do jantar.
600 mil empregados deixaram de trabalhar.
Milhares de mães choram seus filhos.
Milhares de filhos choram seus pais.
600 mil...
600 mil covas plantando gente.
600 mil que deixam saudades
a outros tantos milhares que ficam.
600 mil.
Não 6.
Não 60.
Não 600.
Não 6 mil
Não 60 mil...
600 mil. (Proteus).
|
|