Ao principio ...
Data 13/10/2021 21:46:23 | Tópico: Poemas
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Ao principio …
O principio impunha-se à vontade arbitrária de criar, sem que se arriscasse concluir como e de que forma se reproduziria a vida a partir do nada, do primevo, do zero, do nulo, do ovulo. A vitalidade não tem forçosamente uma raiz, a vontade sim e o principio é a origem, o folículo do ovário, uma opção especial, especifica, a qual caracteriza o começo, o principio de tudo, a realização da vida e do mundo. A vontade deu origem ao primeiro fruto, porém este inaugurou o morrer e o tom poético do outono invadiu, primeiro o mar e depois a terra, a serra e a floresta e o ar, tinha-se inventado o tempo, pois a morte não é o fim da vida, mas a revogação natural do tempo, de velho em novo, de novo em velho, assim tem sido sempre até agora e assim será eternamente., Logo o sonho estabeleceu que houvesse lua e a lua apareceu, em crescente, ditando os ciclos menstruais da mulher e à floresta, deu razões para crer, crer na paixão da seiva ao subir do caule às rubras pétalas. No princípio era o óvulo, o veludo do musgo e o músculo da ameijoa, da anémona e o caranguejo-ermita, na concha abandonada, a praia a perder de vista, o beijo dos namorados de mão dada, os desejos insinuados, o calor e a vontade de fazer amor, mais que tudo, mais que nada, na esfera , na atmosfera ténue das vontades arbitrárias, o planeta Terra, o Mundo.
(Joel Matos 07/2018)
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