(Meu lar é uma taberna)

Data 23/10/2021 09:47:39 | Tópico: Poemas






Qualquer brisa de ar me serve,
Mas balouçar no trigo o olhar,
Minh'alma não consegue,
Nem este obedece ao qu'digo,

O mistério são as fontes,
E o que penso a sós comigo,
Sopra-as "Ítalo", o vento grosso
Ou a sombra rente ao chão,

Minha catedral é uma
Caverna escura, loucura
A crença que nem a religião
Daquela forma suspensa,

Sem vestes me veste, largo
Um coração que trago,
Amargo, amarrado junto
Ao crâneo que não é mágico

Quanto o de "Shakespeare",
Evoco um Rei deposto oculto,
Certo que voltarei um outro
Rosto, aposto à luz ou ao luar,

Qualquer brisa breve serve,
Meu sonhar amarelo-pálido
Trigo, leve minh'alma sofre
Um sofrer que não vem só,

Mas obedece ao castigo divino,
Assim seara ceifada a foice,
Como fosse erva da mina,
Ou de uma velha seca fonte.

(Meu lar é uma taberna)







Jorge Santos (04/2018)






https://namastibet.wordpress.com/
http://namastibetpoems.blogspot.com








Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=359435