A Carta que nunca me Escreveste ou a simples confissão do Teu Crime

Data 29/04/2008 10:39:33 | Tópico: Mensagens

Parei de escrever ontem com as lágrimas a inundar-me a face. Vinte anos! O que são vinte anos? Com os meus vinte anos iludo os meus dias julgando-me mais forte, capaz de contornar a tua ausência, capaz de fazer crescer a minha esperança, capaz de não me entristecer quando as tuas palavras são ríspidas. Ontem, como hoje, só me apetecia pegar em mim e levar-me até ti, olhar-te o rosto e ver-me o riso, ser feliz assim, assim como quem o é na simplicidade de um olhar eterno.
Parei de viver para te amar porque só o teu amor me traz a vida e sempre que insistas que a idade é um limite ou uma barreira, sempre que me tiras um tapete de esperança debaixo dos pés eu coloco logo outro, alimento várias esperança meu pequenino príncipe.
Gostava de puder comprar vinte anos como quem compra um pacote de chicletes, se assim fosse agora não estaria a escrever-te com esta distância enorme entre nós, estaria a escrever-te contigo aqui a meu lado a seguir com os teus doces olhos cada letra que vai nascendo dentro e fora de mim em emoções.
Adormeci com a tua mão na minha, com os carinhos a rasgar a tristeza como quem rasga o rascunho de um texto que nunca se escreveu. Adormeci com a tua mão na minha e enquanto durou o sono transportei-te para o meu lado, para o meu sonho se tornar o substantivo da felicidade.
Porque não chega amar assim? Que mais é preciso para te fazer ver que só quero que sejas feliz? Se te sinto inquieto com este caso complicado não há outra coisa que não possa fazer senão torná-lo mais fácil, porque eu só quero que sejas feliz!
Se um dia me pedires para parar de escrever eu pararei, por ti faço tudo até o que aos olhos dos outros e até aos meus parece impossível.
Já não sei o que escrever, as minhas mãos confundem-se com as lágrimas, o sentimento arrepia-me a pele, deixo-me embalar pelo som da tua voz que sempre ouço dentro e fora de mim.
Fico por aqui abraçada ao mau tempo que sei que virá, a chuva envergonhada como sempre vem demansinho, eu enrolo-me no cobertor e choro um bocadinho com a vontade de ver 20 anos cairem apenas sobre mim, como já caíram estes vinte minutos em que me dediquei a escrever-te.

Se eu pudesse comprar o tempo ou se tu pudesses comprar o destino, a vida quis que fosse assim...


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