Dança, dança querida, Solta tuas tranças negras E mostra tua cultura Ao viajante Ao visitante, Que veio catar água do teu pote; Água cristalina Água benzida pelos sobas Água dos verdes vales Vigiados pelas gargantas Das montanhas. Dança, dança querida, Sacuda esse corpo Ungido do negro petróleo, Que corre nas veias da mamã África. Dança, dança querida, Solta, solta sorrisos Nos semblantes dos espíritos, Que vieram do poente Pra te ver dançar ao luar. Dança, dança querida, A noite ainda é longa, Os espíritos dos embondeiros Ainda não estão ensonados E os sobas ainda não beberam Últimas taças do maruvo. Dança, dança querida, Dança até que o sol Raie no horizonte, Era o que faziam teus antepassados, Que foram levados Lá pra as terras do café Pelas brancas mãos do branco, Que quis beber da água do teu pote, Podar tuas tranças negras E fazer de ti, uma branca, Uma branca com cabelo de múmia, No lugar das tuas fartas tranças, Que a mamã África te dera Ao pôr-do-sol.