Comiseração*

Data 29/11/2021 03:21:15 | Tópico: Poemas

&
Comiseração*

Janelas, varandas obscenas da claridade
Abrem-se, e a luz negra beija corpo neblina
Não há porém, verso ou palavra, que varre
O sal da face- lágrima sozinha.

-quem soprou o Sol para além dos dias?-

Morre a noite num minuto
Noutro nasce de novo
Não há Sol, vigora crepúsculo
As palavras escurecem
Ardidas em musgos.

-por que vive a madrugada fria?-

Chora o dia no leito
Punhais de mágoas
Cortantes adagas
O breu reina absoluto
No velino d’alma.

-um poema na margem do choro dita-

A corrente arrasta uma palavra
Salvadora, de luz, quiçá de dia
Uma só que talvez faria abrir a vida

-frágil quimera, crispada e ferida-

S.Karinna*



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=360211