O luar cor de prata emoldurado desse céu azul-profundo Espalha sua luz quieta sobre a noite da cidade dormente Nessas noites que abrigam os mistérios desse único olhar E responde na clara eurritmia, uma inescondível melancolia Quais suspiros célicos e límpidos, são salmos desta prece Para ventar os cabelos da amada, que eu quero acariciar No calor de cabalísticos segredos ou na paz deste verso Estico as asas para mergulhar nesse céu de ares revoltos O coração errante do poeta responde com sorriso algente Ó virgem lacrimosa, pousarás o teu beijo em minha boca? Quando não estás e sinto o amargo da saudade que vem Darás a este teu vassalo, o sabor de teus lábios fugidios? Admiro o luar, ora azul lá fora, na espera da tua chegada Quem poderá depor se já é tempo das horas mais calmas O céu é o céu, minh’alma que muda a passo de teu olhar Por vezes está em festa, enfeitada, cheia de bandeirolas Noutras anoitece atroz, tal um frio deserto sem emoção Nessas noites vãs, cada estrela é um ponto de esperança
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