Escravos do nada

Data 01/12/2021 09:38:42 | Tópico: Poemas


Uma mão caída
Uma lágrima ardente
Um sorriso apagado
Um corpo que cai

Corpo da minha gente
Gente do povo
Gente humilde,
Escravos do nada

Ó minha gente,
Que tendes pra o mata-bicho?!
A mamã nem fez a fuba,
Coitada, nas suas mãos, só ulula o vento

Vento que acorda madrugadas
Nas barriguinhas rebeldes,
Que desafiam o grunhir dos relâmpagos,
Na hora da mesa vazia

Uma mão caída
Um sorriso apagado
Uma olhar que já não vê
Pra além do horizonte da fome

Ó minha gente!
Até quando,
Até quando tereis fuba quente
Pra afugentar o bicho?

Mami tudo faz
Pra resgatar sorrisos
Nos semblante da gente do povo,
Mas, tem mãos cheias do nada

Coitada, uma lágrima corre,
Beija-lhe a face ressequida,
Face esquecida
Pelos sóis da indiferença

Adelino Gomes-nhaca



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