
Lúcida Aurora
Data 17/07/2022 16:54:01 | Tópico: Poemas
| Na lucidez da aurora, a mãe de todos os sonhos e ilusões Uma chamada ao telefone me afasta da trégua do silêncio Uma voz suave e quente alegra o poema em lenta gestação A luz do abajur revela todo o branco imaculado do papel E as palavras saltam ágeis e imponentes à folha sem linhas Cobra-me a atenção o relógio morno a serviço de Morfeu A hora avança sem rédea nos ponteiros úmidos de solidão Mas o poeta verbaliza na tempestade seu grito de rebeldia Deixando na boca um gosto de saudade por toda a utopia Que se faça possível criar sob as estrelas apagadas lá fora Encobertas pelas nuvens que deitam a chuva noite afora Elas não são nuvens de algodão doce nem de carneirinhos E o que isso importa, se vamos a cavalgar o golfinho alado A musa de belo busto e peito arfante, meigamente assiste Suspira ao ar encolerizado da natureza troando insistente O poeta singra na atmosfera entre as vírgulas dos trovões A tempestade de repente cria vida e toma de mim a caneta Ela disse que estava embriagada pela vontade de escrever Se desnuda e pinta este poema de sonho e de imaginação
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