Poema em pedra e água

Data 07/12/2021 11:44:42 | Tópico: Sonetos

Eu vi o amor mudar o abismo onde se desenhava a solidão
Eu vi as águas desatadas de formas caminharem até o mar
Eu vi a noite livre da sombra desfraldar o manto da poesia
Eu vi a palavra dispersa da boca se transformar em poema

A estrada se desenrola e separa a paisagem em dois lados:
A palavra crua e indomada e o poema, um sonho de papel
O poeta toma da palavra dispersa e nela urde uno o verso
O verso a inundar o papel de líquidas vogais e consoantes

Qual o artesão cinzela o mármore na sua faina de criação
Exercitando as quadraturas geométricas, a vida em pedra
O poema é a estátua em movimento no seu fluir do tempo

Tal o vento que molda a pedra e define o contorno do rio
Que a água um dia preencherá na sua ordenação fluídica
O poema é a corredeira veloz, mas também doce remanso



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=360404