Continu'a ser eu ess’outro
Data 12/12/2021 20:31:34 | Tópico: Poemas
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Sendo minha própria imagem, Continuo a ser todavia, eu ess’ outro …
Sou a própria passagem do tempo, O mestre do desapego, o final do ano, É o que descrevo de mim e por mim, De modo a parecer logro sendo-o, sou-o,
Não me imito, desnivelo-me pelo outro, Mesmo o mais baixo, matreiro oco Manhoso e velhaco, e os demais são, Sendo eu, a minha própria mensagem, o local
Da praça, o demérito, a paragem do despudor, A dor com que observo a tarde A Ocidente, o lago da " não-pertença", O Oligarca dos mal feitos,
Nada - é o meu nome a cheio, Feito meu, a própria cara minha personifica Um lego no que leio e receio nem ser, Ouço-me em falso falando o que nem entendo,
Apenas raras vezes no sossego, conto As estações do ano, os rostos leais dos meses Como que me batem, o mérito nos rostos, Na longa viagem dos "condes do duvidoso",
Os Deuses do absurdo são poucos, Brancos quanto o sal das salinas, Nas estações do "inverneio", no subúrbio Pouco verdadeiro do que expresso,
O que peso não é um peso morto Que se ate aos sapatos ou que os homens Possam usar no bolso, Eu faço uso d'facas vivas, o que me aconteceu,
Acontece aos nós, nos dedos dos loucos, Nem sei quantos atributos os deuses Das pedras têm, dos redemoinhos, dos socalcos Nas águas, da turbulência dos ribeiros,
Dos cascalhos do caudal em que me prendo, I'preso eu me penso não um rio, um mar Imenso, desses onde se pode embarcar Pra outro universo vivo, esse onde anoiteci
Rei e rainha de mim, inúmeras narrativas Vêm á minha mente que não recordo Nem tenho necessidade, não perco tempo Averiguando as que são reais e as que finjo,
Dói-me a viagem dentro da própria viagem, Conquanto sou a própria imagem doutro, Continuo a ser, todavia, eu ess’outro Dentro de mim …
Joel Matos ( 12 Dezembro 2021)
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