Monólogo

Data 12/12/2021 21:27:08 | Tópico: Poemas




O branco da noite
a entornar-se na folha.
A projetar nas paredes
fagulhas da memória,
sombras exaustas,
tentativas de reler sentidos em crenças interrompidas.

Ardem-me nos olhos os lugares
onde as árvores sobrevivem.

Cola-se ao interior das mãos
um refúgio da solidão,
uma história de conchas improváveis.

E a página desdobra-se,
lentamente,
sobre nostalgias adormecidas
e diálogos que suspendi em frestas de esquecimentos
ou no descampado dos dias.

Volto-me então para a luz secreta
de um tempo que dorme no calendário do meu corpo
e engano outonos anacrónicos
no monólogo que me resta
no lado de dentro das palavras.


















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