Meu poema não nasce do sono, nem de indigentes palavras Meu poema nasce sem nome, dispensa projetos herméticos Nasce da solidão que me habita e de clandestinas alegorias Vem de meus transes, qual trouxesse um presságio invulgar
Meu poema se forja no aço da vida, a superar meus medos Meu poema se alumbra com a luz que ilumina meus gestos Nasce por todo canto entre as tábuas pisadas da memória Vem de pequenas sementes, germina onde a beleza estiver
Meu poema resiste ao silêncio que, transido, o estrangula Meu poema não tolera a indiferença, o morno, o ambíguo É a prece que se murmura na cruz do oblívio das paixões Vem bailando nas nuvens, nos cânticos das quartas-feiras
Meu poema se faz com a marca de quem procede do fogo Meu poema transita pelo bulício das tardes de primavera Para iluminar a bruma das almas e para regá-las com vinho Gerado no mar, mas aprendeu voar no espaço sem limites
O poema é um cântico feito com os vocábulos mais azuis.
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