Vazio

Data 20/01/2022 01:59:07 | Tópico: Poemas

"Quem julga deter saber exclusivo,
possuir línguas e mente estranhas aos demais
nesse, se o abres, verás o vazio."
(Antígona, de Sófocles, dos versos 706 aos versos 709)

Nem os escribas antigos
Ou os geniosos greco-romanos
Se refugiaram dentro dos abrigos
Da psiquê dos seres humanos.

Mesmo na primeira infância
Quando nos sorri a primavera
Da língua não à altaneira jactância
Mas , sim, ao saber que é a têmpera

Que eleva o homem em ondas espumantes
Quando finda as intestinas e funestas refregas
Que leva o ser a fender os mares bramantes,
A desbravar os montes e as celestiais esferas.

Há de romper com as raivosas serpes agrestes
Que tendem a tolher o mais indômito pensamento.
Há que se desvencilhar das violências de tais ventos,
Da ignorância ignorante que é a pior das pestes.

Não seremos alvos dos dardos dessas tempestades.
Não seremos aves desoladas com o despojo do ninho.
Comemos do Fruto Proibido. Porém apenas a metade.
Por isso, todo homem que acha que sabe, "se o abres,
Verás o vazio."




Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=361173