
ÈSÙ
Data 21/01/2022 15:26:56 | Tópico: Poemas -> Religião
| Laroiê! Peço licença para falar sobre esse que é o mensageiro dos orixás! Dono das encruzilhadas, esquinas, matas, trilhas e outros caminhos! Que não é Deus, mas que à sua maneira se faz ‘onipresente’...! Que não é o diabo, mas como tal também é irreverente! Uma divindade do candomblé, entidade da umbanda, do ‘umbandomblé’, ‘De Kardec’ e da ‘discussão daqueles velhos amigos por causa de seu boné’! Laroiê Exu, todo o seu povo e nação! Com o seu ogó, ebó, Reino de Ketu e Oyó! Um santo, quizumbeiro, quimbandeiro, falante, falangeiro, Rei do parangolè e do borogodó! Quem é Exu que tanto se fala, se teme, se chama, mas que se incorpora E se manifesta com riso e alegria?! É também um guia, o guardião, um conselheiro, o Compadre, o primeiro a receber as oferendas, dono da festa, tem seu quarto separado, usa uma capa, empunha um ‘garfo’... Assim como Dionísio, também gosta duma bebida, como a que Jesus fez surgir em seu primeiro milagre, mas que para ele é marafo...! É festeiro, mas ‘gosta de uma segunda-feira’! Sagrado ou profano... certo ou errado, nem um nem outro, torna errado certo, 'vice em versa' e é a própria contradição! É do ‘Umbral’, de ‘Aruanda’, do ‘Espaço sideral’, da rua, da ‘avenida’ e é todo o carnaval! Veio da África numa ‘barca lunar’ também utilizada pelo panteão De seus ‘patrícios egípcios’! É o Orixá da Comunicação e logo da poesia, é a própria poesia com os seus orikis! É como o Deus Apolo, mas para os gregos seria Hermes! Tá num ‘despacho’ à beira da estrada ou na mata fechada(que ele abre), é ‘as três letras do meio’ da palavra ‘sexual’... tá num lotação, num ‘encoxamento’ Quando este é consensual... tá no biquíni de uma praia também lotada, ‘no cós daquele mais íntimo de uma passante ‘descuidada’... os homens são de Marte, as mulheres de Vênus, e as 'saias de Exu'... que tá num longo vestido, numa saia godê, ‘na do prazer’, do parangolê... nas ‘saias ébrias’ e da verdade dos sufis, naquela saia bailarina que Helane usou pra nos dar aula e ‘dançar no bar The Mill’... no arquétipo das Donas Pombagiras... ‘É um ‘short-saia’ e aquela saia de linho que Adélia só para a minha imaginação ‘vestiu’! Exu é um mistério, uma contradição, mas todos se chegam a ele quando têm algo a solucionar! Senhor dos caminhos, ‘caminho do meio’, caminho apertado, porta estreita, porteira E ‘portas da percepção’! Jesus é o caminho e Èsù, uma 'encruza'! É o guardião que também sofreu na escravidão... Mas reinventou o Brasil de ‘então’ ao se deitar com a inhá, com a Carlota, com a Joaquina, com a ‘Marieta’... numa mestiçagem de seu rito que na ‘base do sincretismo’ qualquer crença aceita! Saravá, mojubá, Legbá, pemba, padê e bará...! É temperamental, negativo, positivo, positivo-negativo em ‘perfeita harmonia’, impulsivo, às vezes ‘vingativo’, mas está em evolução! Está na alegria, na tristeza, num cemitério e na praia, vive tranquilamente Numa travessa e cabana de barro! Podendo transitar dos barracos dos morros aos prédios e beiradas do asfalto. Seus filhos são de todas as classes e seus inimigos, intolerantes e incultos! Está nesse poema, num problema, numa rima e solução... está no amor, na raiva, nos atos, consequências e em tudo que faz ou possa fazer um cristão! Senhor destas encruzilhadas e das espirituais ou 'espaciais'... baixando em terreiros de samba, jongo, batuque, na ‘umbigada’, da ‘batida do jazz’ às ‘encruzilhadas do blues’, tem seus pontos cantados e riscados, e esses adeptos que vão da Serrinha a Bahia, Haiti, passando pelo ‘Dixie’ e o Delta do Mississipi! Exu está na vida, nas coisas mais simples e mais complicadas! Em todas as gamas, ‘gametas’, rodas e esferas como o 'significado de seu nome'! No ‘chuê’ dessas folhas às ‘rebinbocas’ e outras engrenagens da ‘roda da vida’! Num bebê que irá se formar, na bunda da brasileira, africana Como a sua etimologia, entre os seios da americana, no longo blue jeans de uma ‘varoa’ e no gozo de Onan e do egípcio Atum! É o sim e o não, o ‘deixa para lá’, o tudo, o nada, a ‘esfera’ e seu significado! É um falo ereto a desflorar e enrabar as convenções! Um sábio ‘desbocado’, e uma criança para não conhecer nossa moral! Vem dos Yorubás, Nagôs, Jeje, Ketu, Bantos, Zulus, de toda a África como todos nós... de sete encruzilhadas e até do Japão! Exu é esse poeta, suas musas e seus amores! É um índio, um caboclo, um cigano, um malandro, um lavrador, um lixeiro alegre e um médico! Não o confundir com quiumba e com entidades negativas de outras tradições ou ‘males’ que existam em você mesmo! Ele é talvez quem saiba o sentido da vida por tanto gargalhar ou talvez nem se importe já que sabe desfazer e reatar! É o sexo, a perversão, a concepção, o coito interrompido e o ‘bebê de proveta! Dos deuses é o mais próximo dos homens! É da esquerda da Lei, mas ‘sem perder a ternura’ e mesmo com sua irreverência também é chamado de ‘santo’! Mas ele pode parecer-lhe um demônio se quiser já que não reconhece outra lei a não ser a ‘cármica’! É a mais humana e brasileira das divindades africanas, carnavalesco como os esplendores, o Estandarte, a ala e o tabuleiro das baianas...! Um montinho de terra com aquela 'caceta rija' e fincada! É o mensageiro dos Orixás, o senhor dos caminhos, das demandas e até um ‘trickster’... mas o ‘inferno são os outros’! O mais homem e viril dos santos! Está num cabaré e muito preocupado com a missão que lhe foi confiada! É parte de nosso folclore, mitologia, é nossos ancestrais, é o fogo, a guerra, O vermelho, o preto, o branco da paz e o ‘cinza’ dessa realidade! Aceita sacrifícios e quitutes, aceita vela e oração, e para ele vai esse poema E o agradecimento pela inspiração! Laroiê, Exu...! E sarava, poesia!
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