Dilúvio

Data 04/02/2022 21:49:46 | Tópico: Poemas -> Intervenção

Do sol abençoado à seca crestante, qual a distância
Que impede a colheita ressecada e o terreno estéril
Da dádiva da água na terra exausta à chuva diluvial
Há morte que a tudo arrasta inteiro em seu caminho
Não cheia de cólera, mas de reações a (des)humanos
Filhos do pecado de não respeitar a essência da vida
O desmate, as queimadas, as usinas e os automóveis
Montanhas e planícies tornar-se-ão mar diz a canção
Diz que também que o mesmo mar se faria um sertão
Mas em vão, a mãe atônita, estreita seu filho ao seio
Enquanto a enxurrada arrastava tudo que construiu
Pelas vias o clamor é uníssono que a terra vai acabar
Não há outra arca, sem nódoas, que resgate a todos
Senão parar de lançar carbono óxido pela atmosfera
Os jornais exploram as mazelas, angústias e lamentos
Entanto os homens ignoram cones de ventos alígeros
Deixando cicatrizes onde passam, divindade em fúria
O planeta implora novo olhar um pensar mais humano
Ou o metal da ganância é que cobrirá nossos túmulos




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