A DISTÂNCIA APROXIMA O AMOR
 
  Caminhando, ao sabor da brisa nocturna, com minhas roupas emitindo um estranho  bailado, - pés descalços -,  percorro serenamente, por sobre uma velha ponte de madeira, entrando rio adentro.
  Amarrado à ponte, há um pequeno barco, para não mais de duas pessoas.
  E conforme a ondulação, no seu vai e vem, assim ele se comporta, indo bater, de quando em vez, num dos postes, de há muito refúgio para crustáceos.  
  Indiferente, ao som surdo, que tal impacto  provoca na madeira,  - propagando-se pela noite -, sem qualquer hesitação, continuo o meu caminho:
  Até onde a ponte se encontra, com as águas  do rio, em destino.
  Aí chegando, sentindo o ranger da madeira  antiga, pelo facto, de nela me ter sentado, deslizo meus pés,  mergulhando-os suavemente, nas águas -
  onde uma figura, atrás de mim, parece observar-me, de longe.
  E meu coração, sabe bem quem é, e que não são só recordações nem ilusões, o que a  lua traz, na sua meia luz. 
  Resistindo à tentação, de espreitar, por cima de meu ombro, chamo por teu nome, baixinho, enquanto vou aguardando, que nova manhã se faça -
  E nos braços, um do outro, nos voltemos  a amar.
  Jorge Humberto 19/02/09 
 
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