
Apenas Migalhas
Data 09/07/2025 10:02:39 | Tópico: Poemas
| Me serviram o amor em talheres sujos e disseram: “Come enquanto dura.” E eu comi… com fome, com fé, com ferida aberta.
Tão pouco se dá, tão pouco se tem… o amor virou centavos jogados no chão e eu — idiota — me curvei pra jantar.
Tão pouco se sente, tão pouco se finge. Tão pouco de tudo, que até o nada me pareceu carinho.
O vazio virou mobília. Decorei a dor com taças sujas e sorrisos reciclados.
Você me serviu migalhas, e eu mastiguei como banquete. Me embriaguei com teu pouco, como quem tem sede de veneno.
Agora? Agora sou pele dura, coração embotado, frieza de quem cansou de se molhar em lágrima quente.
Fui mesa de banquete alheio, cardápio de quem não sabe amar. Fui corpo de aluguel emocional, pra alguém que nunca soube ficar.
E sigo… sem drama, sem legenda. Só essa versão minha, meia destruída, meia foda-se, inteira só minha.
Viramos produto. Viramos mentira.
E me pergunto: que amor é esse que se vende fácil? Quem tem dinheiro compra. Quem não tem, finge que tem… e acredita que é real.
Será que sobrou algum amor que não precise de comentário, curtida e aplauso? Ou ele também virou vitrine, selfie, status, vício que ilude e depois se apaga?
Não espero mais o prato principal. Aprendi a sair da mesa quando só me oferecem migalhas.
Não sou mais cachorro de mesa rica. Migalha não me alimenta... E seus pobres amor (...) Não mais me alimenta!
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