Cego, Surdo, Mudo

Data 21/02/2022 18:53:53 | Tópico: Poemas

De repente o poema irrompe como uma flor violenta
Como estrela cadente desperta um choro convulsivo
Daquele ser, antes jacente como uma estátua pétrea
Olho
............................... Por
.................................................................. Olho
Nesse silêncio esmagado pela chegada do crepúsculo
Leva tantas palavras impronunciadas, na boca calada
De tantas ideias não pensadas que orbitam sua mente
Dente
............................... Por
.................................................................. Dente
E num átimo tudo aflora, qual um festival, irrefreável
A se derramar sobre as finas linhas d’antes imaculadas
Letra após letra a pena hemorragicamente as desenha
Dia
............................... Após
...................................................................... Dia
Outros antes de nós, arquearam num heroico esforço
Tantas chagas nos pulsos por nem um minuto de glória
A vida posta em prova se esgueira entre o amor e a ira
Cega
............................... Surda
...................................................................... Muda
Neste meu mundo toda ascese, palavras e ódios breves
Se não podemos ser felizes que a tristeza seja exemplar
Tão pouca paciência, no meu relógio já é hora de partir



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=361746