Despedida
Data 14/04/2022 10:42:33 | Tópico: Poemas
| Despedida
Entre o penhasco e a floresta, subo o íngreme monte pejado de flores silvestres matizadas. E nas trilhas ladeadas de giesta, arfa-me erróneo o peito cansado na teimosia destas caminhadas.
E, no penhasco, estaco atento ao feroz fragor do mar na fraga, ao piar das gaivotas esvoaçando. E as ondas em renovado alento, num vai-vem de perdida saga, de laivos de espuma, chorando.
E o sol se refugia no ocaso fusco, doando seu reino à noite estrelada, que avança lenta, húmida e fria. E eu, hirto, com meu olhar busco, entender esta fusão tão arrimada e perco-me na ilusão falsa de acalmia.
Do meu corpo dolente, se esvai a vida, e, só, por última vontade, me despeço sem regatear paixões frívolas de outrora. Amores foram ilusões de gente sofrida; nada mais desejo, nem poemas ofereço, fim - aqui me quedo - chegou a minha hora!
João Loureiro (Poeta sem Alma)
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