
Noturno 6.7
Data 02/05/2022 11:38:24 | Tópico: Poemas
| Hoje sei que a rebeldia não morreu na juventude e vim escrever Um poema que traga uma pausa aos gestos parnasianos de rimar Qual uma fumaça se imiscui ao ar adubando as paisagens inertes Recusando serem alinhadas nas prateleiras das ideias que fluem Em cabeças cobertas da cisma oculta, sob o boné da ignorância Versos que para alguns, são nada mais que palavras transversas Mas que são sementes de muito suor intelectual e tempo gasto Que caídas em solo fértil, a contragosto daqueles, darão frutos E fugiremos de viver de mediocridade nesta vida de empréstimo Mas devo alertá-los que só há uma nesga de deleite na aspereza Que se escondeu nos solos das baladas melódicas do rock’n’roll Repontando os refrãos desta labuta caseira de escrever da dor Como orientar-nos se a fulgurância da facilidade bate na pupila E nossos simples olhos não veem contrastes à luz das lamparinas Podendo tropeçar nas sombras, pois que vamos de peito aberto Como explicarei que é tua própria imagem que mostra teus atos Se para muitos basta resíduos memoriais das asas, mas sem voar Como direi que tantos que me adulavam, os vi de costas demais De meu leito de morte, onde seria mais conveniente eu restasse Entretanto a dor no peito já amainou e, sei que chegará, um dia Mesmo sob o peso da fome, este poeta liberto de toda mortalha Se erguerá desassombrado a contemplar um arco íris só em azul
Quando tinha 59 anos, há oito anos estive morto. Nem pensei chegaria aos 60. Quando retornei, escrevi um primeiro "noturno" - o 6.0 - e desde então, próximo de meu aniversário escrevo um poema de resistência. Pode ser que eu nem chegue neste - pois faltam alguns dias - mas precisei escrever o poema que dedico a todos os falsos amigos que acharam difícil seguir doando sua amizade. Aqui valerá repetir as palavras do Senhor: com a mesma medida que julgares, sereis julgados!
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