
Um dia comum
Data 03/05/2022 16:45:41 | Tópico: Poemas
| O despertador bem cedo pela manhã chama pela consciência Antes que dezenas de passos tomem o silêncio das calçadas Que seguem deixando suas pegadas apressadas nos ladrilhos Retalhos do jornal de anteontem esvoaçam ao vento outonal Um cheiro de café sobe as escadas a anunciar os recomeços
São seis horas de mais um dia nevoento, sorte que não chova As folhas secas fazem uma cobertura farfalhante na calçada Há espaços vazios, chaminé sem fumaça, o olho mágico cego Caminho pela tardinha de outono há um cheiro de bife no ar Que vem do exaustor engordurado da lanchonete na esquina
O negrume da noite transbordou pela rua que se fez sombria São tantos olhos anônimos a se esconder detrás das cortinas Bocas cambaleantes exalam a vertigem com cheiro da cerveja Os pardais dormem nas ameias por onde se guardou o silêncio Recolho a coberta, já se faz hora de silenciar e talvez, dormir
A madrugada avança impaciente para se apropriar de sonhos Abro as venezianas para a rua e vejo tantas palavras sórdidas Que todo mundo repudia, entanto as repete por comodidade Boas almas caminhando detrás dos muros são tão pequeninas Logo os jornais do novo dia, terão mesmas notícias de ontem
|
|