A Carta que nunca Me Escreveste ou a Simples Confissão do Teu Maior Crime

Data 02/05/2008 10:36:10 | Tópico: Mensagens

Pequenino Princípe:

Que estranha leveza esta que me entontece, conheces o meu espírito e sabes do que falo quando digo o que sinto, conheces a minha alma e sabes do que falo quando escrevo o que os meus olhos foram impedidos de ver, conheces as minhas mãos e conheces de cor todos os segredos que se encontram em cada traço, em cada ruga que pouco-a-pouco vai aparencendo, em cada cicatriz que o tempo foi criando... em cada lugar de mim existe, por mais esranho que pareça, um grande espaço teu, uma grande parte de ti.
Se pensares bem dir-me-ás que não sabes, não entendes, a tua razão não consegue decifrar as minhas palavras mas se sentires verás com o coração tudo o que te digo, mais leve que o ar que tu respiras, mais suave que o toque que tu sentes ao adormecer, mais sincero que o beijo que sempre desejamos partilhar, um só sentimento, maior que os homens todos, maior que o mundo todo que nos cerca, maior até que o paraíso que nos espera.
Uns passos deveriam ser dados para que a espera não existisse mais e não o são, não porque seja tarde mas porque ainda não é a hora, não porque seja cedo mas porque ainda não é tarde, apenas porque não chegou o momento certo.
Quando chegar sei que os nossos olhos se fundirão em luminosidade e não haverá escuridão nas nossas vidas e sei, sem querer parecer lamechas demais, que ambos respiraremos o amor seguro dentro das nossas almas finalmente livres.
Talvez seja a hora, talvez seja o momento de gritares o meu nome e correres até mim, talvez tenha chegado o tempo de sermos livres finalmente.
E sim! Quero fazer-te feliz e se fechares os olhos sentir-me-ás pegar-te ao colo e embalar-te os dias e a vida como se embala um bébé.
Não te escondas nas sombras das palavras que não se dizem e se substituem por silêncios. Não te apertes contra esse muro labirintico que se ergue, altivo na sua imensidão de questões e dilemas. Apaga a luz e deita-te na cama, sente-me o rosto e o corpo, entrega-me a felicidade numa bandeja de toques e carinhos.
Os nossos corpos são um nó cego, não há outro destino na nossa vida que não seja ficarmos juntos. E se hoje fores por aí um dia aprenderás finalmente que não deverias ter ido porque tudo na tua vida conspirará para que voltes ao caminho certo, eu estou a acenar-te no caminho certo e tu estás a recuar, com desconfiança a puxar-te os pés cada vez mais para trás.
Não sei o que temes! Não deverias temer rigorosamente nada... Tu sabes que a única coisa que quero realmente nesta vida é a possibilidade de viver este amor inteiro que me preenche toda uma vida, adormecer e acordar ao teu lado com um sorriso matreiro a espreitar no canto da boca.
Dás-me a mão?
Deixaste ficar, permanecer?


P.S. Mesmo que vás eu nunca desistirei de ti! Ontem peguei no telemóvel e pensei ligar-te, estive por dez minutos com o telemóvel entre mãos e com a indecisão a cobrir-me o peito mas com medo que não atendesses não o fiz. Desculpa! Talvez seja mesmo por sermos tão parecidos ou talvez seja apenas porque tenho medo de te ouvir dizer que te vais.



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