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Data 30/05/2022 02:59:31 | Tópico: Poemas
| Os silêncios terríveis da noite, da qual se substancia Entre a ampla quietude, minh'insônia é a substância Que me recordará do que fiz, o que deixei por fazer Espelhando em mim o timbre incômodo de angústia Exibindo os irreparáveis cadáveres do meu passado Nenhum do que foi feito, mas do que restou a fazer
Poderia ser tão diferente noutra dimensão ou tempo Noutra vida algures, em que mortos ainda são vivos Na loucura de conjecturar porque prá lá, não prá cá O que seria irmos acima e não abaixo, o sim ou não O que seria se o poema fosse feito de outras frases Haveria outro hoje se tivesse existido outro ontem?
Na noite dos terríveis silêncios, a falsidade incomoda Vivemos no curso da vida a ilusão do tempo-espaço No decorrer dos dias não guardamos as lições, mas Apenas tolices cruas desse acervo de quinquilharias Que não nos torna primores ou evita o frio do medo Só a poesia, tola anciã, nos dará anoréxica salvação Os versos do poema, o lado desconhecido da cidade Nada nos pertence, nosso é o ar sob o véu da noite
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