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Data 07/07/2022 18:36:50 | Tópico: Poemas



Sem capitão nem timoneiro


vou permanecer atracada ao cais da alma
longe dos velhos do restelo e dos virgens embarcadiços

já mudei o ancoradouro
fundeei o coração
além das ondas mais bravas

agora
só volto ao alto mar
quando tiver a certeza
de velejar
na direção das
doces águas
do teu olhar



Dar um nó de asas


quando criança
apanhei um pardal
que tinha entrado
numa caixa de papelão
por confusão …

levei-o para casa
pus o dentro
da gaiola mais bonita
que comprei na loja …

passado uma semana
ele morreu
de tristeza

aquele pardal
teve o azar
de conhecer-me

queria tanto proteger aquele pássaro
com apreço e com um chegado apego
mas a ave
apenas precisava
do cuidado da liberdade












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