Queria dizer do amor que há em mim e me sobrepujou a razão Pois, contemplo esta cama plena da tua presença destes dias Dias anunciados de desejos indescritíveis, uno entre milhões A profetizar o fim dos desencontros e a chegada de carícias Um capricho do destino contra um mundo de probabilidades Nos fizemos voar entre nuvens, longe das mazelas do mundo Dançamos ao som de segredos, por pontes, túneis e estradas Com o vento a nos agitar os cabelos, partilhamos aspirações Paramos o tempo lá fora pela janela e até o trem já silenciou Assim pudemos comemorar na tormenta, uma taça de vinho E ouvir da voz cítrica da chuva histórias sobre a vida veloz Saber que basta um pedaço demasiado pequeno de carinho Para que possamos nos salvar das quedas de surtos infinitos Um brilho cintilante que nomeei de meu relâmpago delirante Que é o pássaro que do alto do voo avista as sombras de nós A ouvir ígneos gritos e risos rasgados sobre o azul dos lençóis Um coração que bate sem pudor de estar cada dia mais vivo Asseguro-te que o amor nega as ausências e impossibilidades O amor muda tudo de súbito se a vida caminha para a morte O amor é o que nos diz que poderemos usar sapato branco Ou roupa estampada mesmo que andemos à beira do abismo
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