
A metamorfose do futuro
Data 19/07/2022 12:47:07 | Tópico: Poemas -> Intervenção
| No topo de uma antena parabólica os pássaros não pousam Enquanto palavras manuscritas caem como penas Nas cabeças ocas perfuradas por melancolias Numa clínica maluca estão os destroços de alguns corações E os corpos grandes e gordos começam a cair. A próxima garota e sua próxima dose de entorpecente Ao som estridente de uma louca gritaria Se diverte junto a um apanhado de caras comuns Que fazem promessas nos submundos da cidade Onde estão os ratos e outros milhares de parasitas. As fábricas não param por nada em nem um momento Porque tudo é fabricado e tudo segue o trajeto linear O horário comercial se estende até além do planejado Porque a violência precisa ser dublada e programada Para o horário nobre em todos os lugares possíveis. Está compreendendo o que estou tentando dizer? Eu morri e eu renasci e abri os meus olhos E percebi o caminhar da humanidade como bovinos Que não consegue ver as desgraças que os cercam Porque é nisso que se resume a coisa: ignorância! Você está aqui mesmo quando pensa que não está Consumindo mais um produto desnecessário Apenas para satisfazer o seu egoísmo interno Dizendo que está planejando o futuro Sem saber que não consegue distinguir nada mais. O que pensou que seria esse futuro tão sonhado? Um paraíso coberto de flores pelos campos? Tudo bem que tenha pensado assim e não imaginado A metamorfose de um futuro sombrio Onde somos costas curvadas e colunas envergadas. O seu rosto não me é estranho Mesmo assim acho impossível me dizer coisas novas Se meus olhos já contemplam esse cenário distópico Que quase ninguém quer perceber porque preferem Continuar sua caminhada de olhos bem fechados. Poema: Odair José, Poeta Cacerense www.odairpoetacacerense.blogspot.com
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