Ao buscar por si mesmo na ação, o ser ou seu vulto Tão mais faz distante de sua real natureza e impele Ao apego à forma humana que desintegra o espírito Pois antes persevera a sombra d’um vago desamparo Ou uma visão dividida separada dos cordões da vida
Submerso na negrura do infinito, atado a abstrato nó O ser se vê na carne, olvidado de sua condição divina Atrai o imponderável, corre silenciosamente o espaço Do pensamento sempre preso a coordenadas fictícias E alheio à sombra interior e seu verdadeiro eu oculto
O corpo resiste nessa escalada em busca de respostas Nas dobras da ilusão onde gritos falazes da existência Imaginam o estado de plenitude, um acumulo de bens De coisas táteis, um quê de matéria que se condense Pela afirmação da propaganda em exaltar ao consumo
Mas o ser é fusão de alma e fogo, antes que substância É enfim a forma de plúrima condensação em cor e som É a senda em rumo ao horizonte, um arco-íris multicor O ser não é, apenas está, u’a mescla de deus e demônio Tramada no ramo solitário, obscuro e belo da erudição
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