cansaço

Data 27/07/2022 16:00:39 | Tópico: Poemas

doem-me os pés quando fabrico passos,

como se deles só houvesse ossos

raspados pela pedra na procura de descanso.

dir-me-ia nu e descalço

se não me conhecesse o tutano...

esse é teimoso e não permite o engano.



assim, cá vou por caminhos falsos

pejados de cruzes e percalços

vislumbrando o horizonte baço

resumido um engano crasso

mas, tão evidente, tão pouco urbano

como nebulado, sujo e, no fundo, ufano



mas doem-me os pés e rio a espaços.

coisas de equilíbrios e juízos escassos

quando se quer uvas onde só há engaço...

triste o fito inquinado de fracasso

em tal demanda natural do humano,

toda torta e carregada de ventoso abano



despeço-me dos pés doídos e madraços

desfazendo-os, com as pedras, em pedaços

enquanto me sento à espera do abraço

que me desenhe com o torto traço

de arquiteto moribundo e decano...

não vem, aguardo e não vem… tirano!


Valdevinoxis (27/07/2022)


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