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Data 19/09/2022 18:42:23 | Tópico: Poemas
| A luz que cruzou o zênite em curva por fim deita ao ocidente O mar à distância a recebe em assombro como lhe fosse berço Ouve-se disperso no ar, um veemente som de invisíveis violinos Soando em regozijo o chamado à primavera que já se aproxima Já se pode sentir inverossímil o frescor de perfume das floradas Uma verdade tanto incipiente, quanto o intangível frio que resta Vem a mim tua imagem intocada e teus túrgidos seios virginais Estátua gravada em febril mármore, réplica de teu perfil angelical Tuas formas serpentinas desfilam nessa lembrança mais árdua E preenche meus olhos tanto de harmonia quanto de lágrimas Não posso refrear que um tremor aflito paire sobre minh’alma E desperte-me, coberto de angústia, memórias d’um tempo ido Na imagem inanimada da brutal partida que te roubou de mim A fazer-me pequeno, desarmado para seguir num iter sombrio Assim, fui jogado num abismo de profundidades intermináveis De onde a palavra do poema que venceu a névoa me resgatou Definindo a tênue linha que separa vida e morte, sonho e real
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