
Do avesso
Data 30/09/2022 09:33:55 | Tópico: Poemas
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Do avesso
Uma aldeia, (que de roupa ela me vista), o fogo Leva-me da raiz da minha vista "ao monte" travesso, Sopra-me a inquietação dessa ideia de xisto negro E poejo, onde o pensar é cego, o beijo longo, longo
E o meu olhar, um legado alado, logro é engano Como tudo o que e em que me revisto, sangro Da roupa que'en minh'aldeia é ser gente, o dote È o sossego de sonhar acordando e vendo o ontem,
Com olhos "à maneira que os ponho" alavancados, Elevam-me da raiz à minha origem de congro, À minha infância de recato e regato, o ombro tolerante Nas fontes, em frente do mato bravo o verde manso,
Da ponte fluvial à velha guarita, do alto monte, do corgo Ao calvo escombro ardido, mais que poema ou esforço È o meu grito rouco, a dor de ter perdido meu rosto, A aldeia, o burel de que me vestia completo desd'o berço,
Parido descaço, colado à via que havia, escura sinistra, Menor o grau da escada que a cansada estrada, desafio-a Já que César nunca serei, eu fui das minhas sensações O próprio veneno, campos rústicos de trigo, o umbigo
Do que havia plantado há apenas alguns dias, humilde O milho sem proprietário dono, erva daninha è trigo Triste e a minha aldeia não existe senão na ideia que dela Um dia tive, ao virar meu coração de cima abaixo
E do avesso ... cantando encantado.
Joel Matos ( Setembro 2022)
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