Mãos estendidas ao vento

Data 21/10/2022 08:21:46 | Tópico: Poemas


Na orla do mar,
vi o quebrar duma onda,
e na luz do teu olhar,
uma lágrima inicia a ronda

Ronda amarga
pela face tristonha,
sujeitada à pesada carga
pelos homens sem vergonha

Ò menino da rua,
enxugue tuas lágrimas
e sorria à lua,
que ora por ti, vestida de lástimas

Todo o homem erra,
mas errar na indiferença
a todos desespera
à luz desse mundo magro de bonança

Olho pra ti, menino sem teto
e só vejo a dor
na tua pequenina alma sem afeto
nem pedacinhos de amor

Não, não chores meu meu menino,
tua dor é minha dor,
O mundo é tão pequenino
e nem toda a voz é a voz do tenor

Te olham de longe
e de longe passam indiferentes
como quem foge
das tuas mãos inocentes, estendidas ao vento

Não, não chores mais,
há-de-haver um cais
pra ancorares teus ais,
Deus está longe demais
mas ouve e amansa todos os ais

Adelino Gomes-nhaca



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