
Eu (quase) acreditei
Data 29/10/2022 13:11:18 | Tópico: Poemas -> Intervenção
| Não existe miséria e ninguém passando fome Foi o que me disseram Depois que vi pessoas dormindo ao relento Sem ter o que forrar o estômago E passar o dia na fila do osso E eu (quase) acreditei.
Não há violência nas ruas Nem sangue derramado nas calçadas Foi o que alardearam aos quatro ventos Mesmo depois de ver Corpos estirados pelo chão dos morros E eu (quase) acreditei.
Até cheguei a pensar Que eu era o único palhaço no palco E que as prostitutas Fossem as únicas putas nessa sociedade Acreditem Eu (quase) acreditei nessa ladainha Sem saber que era apenas mais uma marionete Nas mãos de um sistema de anúncios Controlado pelo Estado.
Mas, eu não acredito mais Em Papai Noel, Bicho Papão E muito menos Que a verdade seja ingenuidade das crianças. Deve haver, em algum lugar, Uma imagem real da sociedade Que não seja apenas um reflexo no espelho.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense www.odairpoetacacerense.blogspot.com
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