
Muito mais do que tudo isso que digo agora
Data 23/11/2022 01:04:17 | Tópico: Poemas -> Introspecção
| I O viver de cada um diz respeito a sua própria vida E não podemos interferir Cada pessoa vem ao mundo sozinha Caminha boa parte de sua vida sozinha E, no final, vai-se sempre sozinha. O que somos nós na vastidão do universo? Podemos interferir no vento que espalha as folhas? Podemos sorrir no momento de luto? Acreditamos sempre em um novo alvorecer Mesmo que tenhamos um noite ruim E fazemos isso porque sabemos Que sempre haverá um novo dia e novos desafios.
II A vida nos ensina a ter paciência Que há um longo caminho entre o plantar a semente E o colher o fruto Ou ver as flores desabrocharem Nada do que se faz com pressa costuma dar certo Nada do que foi será um dia O sol vai nascer independente de você querer ou não Porque tem coisas que não posso controlar E isso é uma coisa boa Porque não gostaria de ser o dono do mundo E ter que tomar decisões tão sérias assim.
III Eu ando tão despreocupado ultimamente Sei que os dias da minha infância já se foram E os dias da velhice se aproxima Então penso no que poderia ter feito e não fiz No que poderia não ter feito e fiz E no que posso ainda fazer pela frente O meu semblante não emite o meu sentimento Porque máscaras adquirimos com o tempo Com as experiências que a vida nos ensina Cada um de nós aprende algo todos os dias E ninguém pode mudar esse fato crucial da nossa existência.
IV Fale baixo e não permita que meus ouvidos sejam corrompidos Não posso permitir que acabem com os meus sonhos De nada adiantaria sonhar e continuar dormindo Se o mundo não pode ser transformado assim Então olho para o quadro na parede Imagino a inspiração do pintor e sua dor perene No entardecer de um dia qualquer Que não foi registrado pela memória alheia Se o momento não pode ser lembrado Quem deseja saber o que se passava na mente dele Quando o sol deixou-se ser substituído pelas estrelas.
V Uma borboleta voou baixinho entre as flores Não queria assustar os leões e espantar os falcões Que poderiam não a perdoar por tamanha insolência E ninguém notou as folhas que caiam com o vento leve que soprava O mundo parecia correr na sua calmaria Entre as pedras que permeavam o riacho Enquanto alguns animais selvagens bebiam água As lembranças eram atiçadas a memorável poesia Que mais lembrava uma canção triste de despedida Quando se ama de verdade e não conhece o amor.
VI Todas as memórias do mundo em que vivemos É muito mais do que tudo isso que digo agora É o infinito de lembranças que povoam os pensamentos Que permanecem estáticas no coração desolado a pensar Quando o universo está diante dos olhos indecisos de alguém Os sonhos são fontes de esperança Dos que vivem a vida para buscar tesouros Não bens materiais e sim riquezas eternas Que só podem ser encontradas no profundo do coração Sentimentos puros que fazem brilhar os olhos Que se alojam bem lá no fundo da alma.
VII Não falo do que não conheço e por isso fico em silêncio Se não quero deixar escapar os meus sentimentos Palmilho um território perigoso, bem sombrio Que pode esconder armadilhas em sorrisos fascinantes Ou em olhares misteriosos que seduzem E eu não desejo mais ser traído por sentimentos vazios Ninguém deveria passar por tamanho sofrimento Porque a vida deveria ser feita de encontros Mas prevalecem os desencontros de interesses Quando desejo o que não posso ter A vida deixa de ser a melhor opção deste mundo.
VIII Quero deixar o registro de minhas labutas Dos desejos que perpassaram o meu coração sonhador No tempo que não pude ver diante de meus olhos Porque estava envolto nas penumbras do sentimento E tudo deixou de fazer sentido para corações vazios Se os pássaros não podem esconder os seus cantos As flores estão dispersas pela força oculta dos ventos Na aurora de um novo horizonte que desponta Além das altas montanhas distantes E acalma os corações mais sensíveis que possam existir.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense www.odairpoetacacerense.blogspot.com
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