Quisera eu

Data 09/12/2022 13:24:01 | Tópico: Poemas -> Amor

Quisera eu poder ver-te chegar, ainda que por caminhos ocultos, sentir teus passos sempre firmes, esculpidos pela coragem de ir, na determinação de teu olhar rendido.

Como uma flor silenciosa penso, não sei como se levanta esta linguagem interna, nem tão pouco sei como visto o coração destes meus olhos que falam.

Como a imagem que de mim guardo, vejo rasgarem-se as manhãs bordadas pela neblina, por entre os aromas frutados do jardim que se libertam ao toque esplendoroso do sol.

A brisa cala os sussurros e eu ali rendida, escuto o som do coração em vertigem, a abraçar o cântico sonoro dos pássaros que passeiam pelas ramagens.

Aqui neste lugar que me inebria, sinto o colo virginal da mãe natureza traçar em ponto luz, as linhas serenas do teu rosto e bebo a seiva doce dos teus olhos como um néctar delicioso depois da maturação.

Algures no tempo, caminho como se os meus passos me conduzissem ao lugar sagrado da minha floresta interior e sinto a sombra da noite esbater-se sobre mim, para dar lugar a um clarão de luz que se abre, onde dançam borboletas e pirilampos num bailado como se escutasse o doce murmúrio da água de uma nascente a tocar o rosto da humanidade.

Acendo a Luz do meu céu e toco o alvorecer, como se as cores do prado verdejante pincelado de flores multicolores, se abrisse num perfume suave e fresco numa carícia longa aos meus sentidos.

Sinto a Luz do sol envolver-me, como um manto sagrado a cobrir minha nudez e entrego-me a esta quietude, como se nascesse de novo.

Alice Vaz de Barros


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=365159